sábado, 1 de dezembro de 2012

O banco do jardim


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Estou sentada
No banco do jardim 
“Naquele banco” magoada
O nosso amor chegou ao fim


Não sei o “porquê?”
Não sei o “como?”
Só sei que perdi a fé
De te ter de qualquer forma
De qualquer modo


A lágrima cai-me
Pelo rosto abaixo…


Estou frágil
Sou sensível
Nunca ninguém me disse que era fácil
Amar, amar, amar
Ser amável


Roubou-me o coração
A alma e o chão
Mas eu sou forte
Mesmo perante a má sorte


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Há muito tempo que não deixo aqui um poema meu, por isso aqui vai:


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Amar é uma tarefa árdua
Mas quando vale a pena
A gente esquece a mágoa
Somos humanos

E por isso erramos
Mas quando amamos
Melhores ficamos
Se amas não te arrependas

Porque amar traz à tua vida
Muitas “prendas”

Espero que tenham gostado*

sábado, 29 de setembro de 2012

10º Poema

A voz da tília


Diz-me a tília a cantar: "Eu sou sincera, 
Eu sou isto que vês: o sonho, a graça; 
Deu ao meu corpo, o vento, quando passa, 
Este ar escultural de bayadera... 

E de manhã o sol é uma cratera, 
Uma serpente de oiro que me enlaça... 
Trago nas mãos as mãos da Primavera... 
E é para mim que em noites de desgraça 

Toca o vento Mozart, triste e solene, 
E à minha alma vibrante, posta a nu, 
Diz a chuva sonetos de Verlaine..." 

E, ao ver-me triste, a tília murmurou: 
"Já fui um dia poeta como tu... 
Ainda hás de ser tília como eu sou..." 

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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

9º Poema

O meu desejo

Vejo-te só a ti no azul dos céus,
Olhando a nuvem de oiro que flutua...
Ó minha perfeição que criou Deus
E que num dia lindo me fez sua!

Nos vultos que diviso pela rua,
Que cruzam os seus passos com os meus...
Minha boca tem fome só da tua!
Meus olhos têm sede só dos teus!

Sombra da tua sombra, doce e calma,
Sou grande quimera da tua alma
E, sem viver, ando a viver contigo...

Deixa-me andar assim no teu caminho
Por toda a vida, Amor, devagarinho,
Até a Morte me levar consigo...

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

8º Poema

Os meus versos


Rasga esses versos que eu te fiz, amor! 
Deita-os ao nada, ao pó, ao esquecimento, 
Que a cinza os cubra, que os arraste o vento, 
Que a tempestade os leve aonde for! 

Rasga-os na mente, se os souberes de cor, 
Que volte ao nada o nada de um momento! 
Julguei-me grande pelo sentimento, 
E pelo orgulho ainda sou maior!... 

Tanto verso já disse o que eu sonhei! 
Tantos penaram já o que eu penei! 
Asas que passam, todo o mundo as sente... 

Rasgas os meus versos... Pobre endoidecida! 
Como se um grande amor cá nesta vida 
Não fosse o mesmo amor de toda a gente!... 

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

7º Poema

Minha culpa


A Artur Ledesma 

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem 
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem... 
Sou um reflexo... um canto de paisagem 
Ou apenas cenário! Um vaivém... 

Como a sorte: hoje aqui, depois além! 
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem 
Dum doido que partiu numa romagem 
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!... 

Sou um verme que um dia quis ser astro... 
Uma estátua truncada de alabastro... 
Uma chaga sangrenta do Senhor... 

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados, 
Num mundo de vaidades e pecados, 
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

6º Poema

Amar

Eu quero amar, amar perdidamente! 
Amar só por amar: Aqui... além... 
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... 
Amar! Amar! E não amar ninguém! 

Recordar? Esquecer? Indiferente!... 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disser que se pode amar alguém 
Durante a vida inteira é porque mente! 

Há uma Primavera em cada vida: 
É preciso cantá-la assim florida, 
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
Que seja a minha noite uma alvorada, 
Que me saiba perder... pra me encontrar... 

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

5º Poema

A nossa casa


A nossa casa, Amor, a nossa casa! 

Onde está ela, Amor, que não a vejo? 
Na minha doida fantasia em brasa 
Constrói-a, num instante, o meu desejo! 



Onde está ela, Amor, a nossa casa, 
O bem que neste mundo mais invejo? 
O brando ninho aonde o nosso beijo 
Será mais puro e doce que uma asa? 



Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos, 
Andamos de mãos dadas, nos caminhos 
Duma terra de rosas, num jardim, 



Num país de ilusão que nunca vi... 
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti 
E tu, ó meu Amor, dentro de mim... 

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domingo, 23 de setembro de 2012

4º Poema

Se tu viesses ver-me...


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, 
A essa hora dos mágicos cansaços, 
Quando a noite de manso se avizinha, 
E me prendesses toda nos teus braços... 

Quando me lembra: esse sabor que tinha 
A tua boca... o eco dos teus passos... 
O teu riso de fonte... os teus abraços... 
Os teus beijos... a tua mão na minha... 

Se tu viesses quando, linda e louca, 
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo 
E é de seda vermelha e canta e ri 

E é como um cravo ao sol a minha boca... 
Quando os olhos se me cerram de desejo... 
E os meus braços se estendem para ti... 


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sábado, 22 de setembro de 2012

3º Poema

Versos de orgulho
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O mundo quer-me mal porque ninguém 
Tem asas como eu tenho! Porque Deus 
Me fez nascer Princesa entre plebeus 
Numa torre de orgulho e de desdém. 

Porque o meu Reino fica para além... 
Porque trago no olhar os vastos céus, 
E os oiros e os clarões são todos meus! 
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém! 

O mundo? O que é o mundo, ó meu amor? 
- O jardim dos meus versos todo em flor... 
A seara dos teus beijos, pão bendito... 

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços... 
- São os teus braços dentro dos meus braços: 
Via Láctea fechando o Infinito. 

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

2º Poema

A minha tragédia


Tenho ódio à luz e raiva à claridade 

Do sol, alegre, quente, na subida, 
Parece que a minh’alma é perseguida 
Por um carrasco cheio de maldade! 



Ó minha vã, inútil mocidade, 
Trazes-me embriagada, entontecida! ... 
Duns beijos que me deste noutra vida, 
Trago em meus lábios roxos, a saudade! ... 



Eu não gosto do sol, eu tenho medo 
Que me leiam nos olhos o segredo 
De não amar ninguém, de ser assim! 



Gosto da Noite imensa, triste, preta, 
Como esta estranha e doida borboleta 
Que eu sinto sempre a voltejar em mim! ... 

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

1º Poema

Torre de Névoa

Subi ao alto, à minha Torre esguia, 
Feita de fumo, névoas e luar, 
E pus-me, comovida, a conversar 
Com os poetas mortos, todo o dia. 

Contei-lhes os meus sonhos, a alegria 
Dos versos que são meus, do meu sonhar, 
E todos os poetas, a chorar, 
Responderam-me então: “Que fantasia, 

Criança doida e crente! Nós também 
Tivemos ilusões, como ninguém, 
E tudo nos fugiu, tudo morreu! ...” 

Calaram-se os poetas, tristemente ... 
E é desde então que eu choro amargamente 
Na minha Torre esguia junto ao céu! ... 

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10 dias com Florbela Espanca

   Olá, como o título diz eu vou por entre dia 20 (hoje) e 29 deste mês dez poemas que eu escolhi da Florbela Espanca.
   Eu adoro poesia como já devem ter reparado e gosto muito dos poemas dela. Foi difícil escolher 10 mas lá os escolhi.
   Hoje irei colocar um... mas lá para o final da tarde! Espero que gostem :)

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Dias das ideias


Deixem aqui a vossa ideia para o poema do Desafio S!

domingo, 9 de setembro de 2012

Desafio S


O Desafio S está de volta!! 
Vai começar amanhã dia 10!!

   Não está muito diferente do que foi da primeira vez mas aqui vai a explicação:
   Entre os dias 10 e 15 quero:

- que me proponham temas
- ou digam uma palavra (ou quantas quiserem, mas que estejam relacionadas)
- ou uma frase na qual eu me irei inspirar 

   Entre as vossas sugestões vou escolher um tema, palavra, frase de uma pessoa.
   Caso a tua não seja selecionada pode ser usada no mês seguinte novamente ou podes dar outra sugestão.  

   Farei um post no dia 10 onde vão deixar as vossas ideias para o poema.
   Entre o dia 10 e o dia 25 será o tempo que terão para comentar (Dias das Ideias). Para depois entre o dia 15 e 20 eu fazer o poema.

   E é aí que vocês depois atuam novamente!!
   No dia 20 publico o poema e vocês entre dia 20 e 25 fazem um comentário com uma frase inspirado no meu poema.

   E no dia 29 digo qual de vocês o melhor e ganharão um selinho que tratarei de fazer especialmente para a pessoa vencedora!

Portanto é exactamente como o primeiro, só mudam as datas e a questão de ser uma frase :)
Espero que participem!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Olá!

   Finalmente vou dar por concluído o Desafio S.
   Como foram só 3 pessoas que participaram, decidi colocá-las num pódio.

Em primeiro lugar ficou: 

Dan do blog: Chá das cinco com Laureen. Com o seguinte texto:

A amizade é instável como as ondas do mar. Tem dias calmos, em que a água morna e plácida reflete o céu; e outros em que revela a sua fúria em rebentações no areal. Há que aprender a respeitar as suas marés, sondar os dias em que é possível mergulhar de cabeça com diversão, e aqueles em que há que ter cautela enquanto se molha os pés ao de leve. 
O verdadeiro encanto da amizade, é conhecer as suas facetas e aprender a lidar com carinho e dedicação com cada uma delas, fazendo-as durar. 
Não é difícil, apenas exige paciência e vontade :)


Em segundo lugar ficou:

Ana M. do blog: life is a circle. Com o seguinte texto:

Uma amizade não se conquista de um dia para o outro, é preciso haver respeito, confiança, carinho e sinceridade, é preciso estarem juntos no mesmo barco para poderem enfrentar uma tempestade, venha ela do lado que vier e estarem juntos, também, quando a maré está calma.
Estar lado a lado, com um sorriso para dar mas também, quando necessário, alertar. 
Amigos... alguns dizem te-los hás dezenas, mas eu prefiro ter meia dúzia de amigos e dezenas de colegas. 
Amizade verdadeira passa também por isso, saber ver aqueles que são mesmo nosso amigos.


Em terceiro lugar ficou:

Hannah do blog: Um modo de ver a Vida! Com o seguinte texto:

Numa amizade todos o que fazem parte dela se entregam por inteiro, de forma a que essa amizade funcione como uma perfeita canção de amor. Mas, porque é que sinto que na nossa amizade nem todos se integram de corpo e alma? Porque será que não te interessas pelo meu livro aberto e na realidade não a conquistas? Na verdade, parece que não sabe ada sobre mim, apenas sabes daqueles que te acompanham diariamente. Sabes que podes contar comigo para todo sempre mas não me consegues conquistar como conquista outros, pois, embora adultos agimos como jovens que não percebem que a amizade não se deseja e se conquista. Talvez, a nossa amizade não seja assim tão forte como outras e por isso lutámos para que sejamos felizes, eu por ti e tu por mim, mas não juntas...

Muito obrigada pela vossa participação! 
Nos próximos dias tratarei de fazer os selinhos para vocês as três.
Até ao próximo desafio. Beijinhos*

sábado, 25 de agosto de 2012

O poema do Desafio S


Olá olá, a segunda parte do Desafio S está aqui, o poema feito por mim. A ideia foi dada pela Hannah como já sabiam e foi sobre a Amizade. Espero que gostem! 

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Olhos cintilantes
Sorrisos verdadeiros
Amizades como diamantes
Entregamo-nos inteiros

Sei tudo o que havia para saber
Sobre ti, és um livro aberto
Para mim, e eu quero ser
Aquele teu amigo que está sempre por perto

Luto por te ver feliz
E acredita que sempre quis
Deixar de ser aprendiz imaturo
E dar no duro
Para conquistar a tua amizade
Uma amizade de verdade

Caminhamos lado-a-lado em silêncio
A felicidade é imensa no meu peito
Roçar a minha mão na tua
Mas sempre com muito respeito

Somos duas pessoas
Jovens mas adultos no interior
Sabemos o que dizer
Quando tudo parece estar a ficar pior

Sei que posso contar contigo
Meu amigo
Para todo o sempre
Mas nunca te esqueças
“A amizade não é algo a desejar,
Mas sim a conquistar”

Depois de lido o poema que fiz têm até dia 30 para fazer um texto, um poema, uma frase, algo que vos venha do coração. Espero que o meu poema vos tenha inspirado, caso contrário fica para a próxima.
Façam aqui mesmo o comentário com o tal texto ou poema ou frase, o que queiram. Surpreendam-me!
No dia 31 dou novidades :)

Para saberem mais sobre este desafio cliquem aqui.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


O resultado!

Gostava muito de fazer um poema para cada uma das ideias, talvez até faça, porque gostei realmente das vossas ideias. 
Como não me iria decidir fui ao:

e
.
.
.





Agora entre os dias 20 e 25 vou fazer o poema :)

domingo, 19 de agosto de 2012

Hoje vai sair o...


resultado do "Desafio S".

Fiquem atentos x)

As ideias que vocês deram foram....


1- Aninhas22 - Luta
2- Fruit - Saudade
3- Dan - Desassossego
4- Ana M - Descobrir o meu ser
5- Hannah - Amizade / A amizade não é algo a desejar, mas sim a conquistar
6- Elizabeth - Nunca te esqueças que...
7- SkinnyLove - Paradoxo
8- Isaa - Tempo

   Estas são as 8 ideias que tenho até agora, quem ainda não o fez pode fazer neste post para o Primeiro "Desafio S" caso queira participar. Vejam aqui como funciona :)


Beijinhos*

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dias das Ideias...


sugestões!!

   Entre os dias 15 e 20 façam aqui o comentário com a(s) vossa(s) ideia(s) para o "Desafio S" (se ainda não sabes do que se tratar carrega em "Desafio S").

Aguardo a vossa participação. Obrigada.


(mais uma vez relembro que quem quiser divulgar o desafio fico muito agradecida)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Desafio S"


É o nome do desafio para dar vida ao blog.


   A minha ideia com este desafio é tanto vocês desafiarem a mim como eu a vocês.
   Então isto vai ser assim:

  • uma vez que o outro blog é de poemas como vocês já sabem, eu quero:
- que me proponham temas
- ou digam uma palavra (ou quantas quiserem, mas que estejam relacionadas)
- ou uma frase na qual eu me irei inspirar para depois fazer um poema

   Entre as vossas sugestões vou escolher um tema, palavra, frase de uma pessoa.
   Caso a tua não seja selecionada pode ser usada no mês seguinte novamente ou podes dar outra sugestão.  

   Farei um post no dia 15 onde vão deixar as vossas ideias para o poema.
   Entre o dia 15 e o dia 20 será o tempo que terão para comentar. Para depois entre o dia 20 e 25 eu fazer o poema.

   E é aí que vocês depois atuam novamente!!
   No dia 25 publico o poema e vocês entre dia 25 e 30 fazem um comentário com uma frase ou um texto (ou até mesmo outro poema) inspirado no meu poema.

   E no dia 31 digo qual de vocês o melhor e ganharão um selinho que tratarei de fazer especialmente para a pessoa vencedora!

O que vos parece?

(pedia a que quem quiser que publicite este desafio que o faça depois, fico muito agradecida a quem o fizer) 

sábado, 11 de agosto de 2012

Ir e não voltar

Às vezes revolto-me
Olho para o mundos
E de nada me orgulho
Mas que sítio tão moribundo

Às vezes apetece-me
Ir e não voltar
Assombro-me
De fantasmas até gritar

Que rídiculo isto aqui
Já não há como escapar
À desgraça que vem aí
Já não vale a pena amar

Eu vou e não volto
Porque d'onde estou a sair
É nada mais nada menos
Que um buraco... um esgoto

Sim vi rato morto
Com postura de gente
O mundo anda torto
E eu estou a ficar demente

Ir e não voltar
Eu só quero lá ficar
Se o ambiente mudar

Caso contrário
Tenho as malas e o Mário
Prontos para embarcar

Oh sim terei saudade
Mas não merecia aquelas maldades
De quem eu não conseguia amar.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Só porque faço anos hoje...

Aniversário 

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sem espaço e um beijo

Sou um peixe dentro de água
Que não consegue respirar
A água a transbordar
E eu a morrer da mágoa

Estou sem espaço
Para ser feliz
Tornou-se um embaraço
Eu ter o sonho de virar
Imperatriz

Não posso ser o que quero
O que não quero é possível
Eu estou no nível
Onde habita o desespero

Quero-me soltar
Quero espaço
Quero deixar de ter ar
E a causa ser o teu abraço

Sem espaço
É assim que estou
Mas a transbordar de desejo
Pelo teu beijo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Eu, o Espelho e a Água a Ferver.

Já não me sinto eu quando me olho ao espelho
Vejo refletido aquilo que não sou mais
Mas aquilo que ja fui

Toco no espelho a ver se ele é real
Está frio e turvo (abri a torneira, água quente... a escaldar, enchia a banheira)
Não aguento mais
Aquilo que era ruiu

Sou agora carne vermelha, cosida pela água quente da banheira
Os meus olhos turvos
A minha voz sem som
Os meus ouvidos surdos

Sem movimentos
Assim estou eu debaixo da água mais quente
Que se tornara a mais fria
Era o que eu temia
Deixei de existir

A minha alma fugiu mal tocou naquela água quente que nos faz soltar um "ui"
O meu corpo... já não é meu
As minhas emoções fugiram-me - pensei eu
Pensei mal, eu estava ali, continuava a ser eu

Reparei nisso quando a minha lágrima tocou na água a ferver
E tudo gelou

Continuava a ser eu
Mas não me reconhecia
Contudo apercebera-me tarde de mais
Apenas nos últimos segundos da minha vida.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Forte e incerta.

Sempre que penso em mim
É com grande tristeza que o faço
Como se tudo na minha vida tivesse um fim
E para mim não houvesse espaço

Nunca fui boa com palavras
Muito menos com sentimentos
Sempre os achei como se fossem pragas
Que deixam vários ferimentos

Projetei-me como uma mulher forte e independente
Mas parece que de repente
Sou inundada por incertezas
E baixo as minhas defesas

Não sei o que fazer
Só me resta correr
Para onde não sei
Mas aqui com certeza que não serei
Aquilo que quero ser
Feliz até morrer.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Des(b)locada

Foram muitas as vezes que escondi o que pensava
E já não me lembrava
O que era falar
Sem pensar

Irónico não? Falar sem pensar
Quando na verdade já se estudou o discurso todo
E fazemos do outro tolo

O pensamento passou a ser a minha boca
E passei a ser uma desbocada
Muitos estragos fez
Mas não me arrependo de uma única vez

Taparam-me a boca
Parecia que ia explodir
O pensamento voltou para onde tinha de ir
E eu fiquei deslocada

Onde estou eu? Quem sou eu? O que faço aqui?
Acho que, sinceramente, me perdi.

terça-feira, 26 de junho de 2012

R(D)esistir

Superar
Irá ser sempre assim
Até eu querer parar

E por um fim


Cansada muito cansada
De ser considerada um nada
Posta de lado e ameaçada
Se quero ficar ou não

Resistir
Quando só me apetece
Desistir.

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domingo, 24 de junho de 2012

Assim me deito


Na cama me deito
Debaixo de uns lençóis
Pesadamente leves
Com o coração
Levemente pesado
Sinto um desespero
Muito apertado
De que algo está errado

A quem será contado?
Pergunto eu.
Eu debaixo dos lençóis
Acabados de mudar
Estão-me quase a sufocar

Esse "quem" nunca me contará
Só me levará
Para as trevas
Onde as eras
São rasteiras
E os sonhos não quebram fronteiras

Tudo corre mal
Ou simplesmente não corre
Mas quem sou eu
Para brincar com a minha própria
Morte.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cantiga

a este moto alheio:


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Verdes são os campos
de cor do limão:
assi são os olhos
do meu coração.






Luís de Camões.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Florbela Espanca - Livro Soror Saudade


Ódio?                                                  À Aurora Aboim

"Ódio por ele?Não…Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida roubei todo o encanto…

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! Nunca mais amá-lo é já o bastante!
Quero senti-lo doutra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não…não vale a pena…"

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