quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sem espaço e um beijo

Sou um peixe dentro de água
Que não consegue respirar
A água a transbordar
E eu a morrer da mágoa

Estou sem espaço
Para ser feliz
Tornou-se um embaraço
Eu ter o sonho de virar
Imperatriz

Não posso ser o que quero
O que não quero é possível
Eu estou no nível
Onde habita o desespero

Quero-me soltar
Quero espaço
Quero deixar de ter ar
E a causa ser o teu abraço

Sem espaço
É assim que estou
Mas a transbordar de desejo
Pelo teu beijo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Eu, o Espelho e a Água a Ferver.

Já não me sinto eu quando me olho ao espelho
Vejo refletido aquilo que não sou mais
Mas aquilo que ja fui

Toco no espelho a ver se ele é real
Está frio e turvo (abri a torneira, água quente... a escaldar, enchia a banheira)
Não aguento mais
Aquilo que era ruiu

Sou agora carne vermelha, cosida pela água quente da banheira
Os meus olhos turvos
A minha voz sem som
Os meus ouvidos surdos

Sem movimentos
Assim estou eu debaixo da água mais quente
Que se tornara a mais fria
Era o que eu temia
Deixei de existir

A minha alma fugiu mal tocou naquela água quente que nos faz soltar um "ui"
O meu corpo... já não é meu
As minhas emoções fugiram-me - pensei eu
Pensei mal, eu estava ali, continuava a ser eu

Reparei nisso quando a minha lágrima tocou na água a ferver
E tudo gelou

Continuava a ser eu
Mas não me reconhecia
Contudo apercebera-me tarde de mais
Apenas nos últimos segundos da minha vida.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Forte e incerta.

Sempre que penso em mim
É com grande tristeza que o faço
Como se tudo na minha vida tivesse um fim
E para mim não houvesse espaço

Nunca fui boa com palavras
Muito menos com sentimentos
Sempre os achei como se fossem pragas
Que deixam vários ferimentos

Projetei-me como uma mulher forte e independente
Mas parece que de repente
Sou inundada por incertezas
E baixo as minhas defesas

Não sei o que fazer
Só me resta correr
Para onde não sei
Mas aqui com certeza que não serei
Aquilo que quero ser
Feliz até morrer.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Des(b)locada

Foram muitas as vezes que escondi o que pensava
E já não me lembrava
O que era falar
Sem pensar

Irónico não? Falar sem pensar
Quando na verdade já se estudou o discurso todo
E fazemos do outro tolo

O pensamento passou a ser a minha boca
E passei a ser uma desbocada
Muitos estragos fez
Mas não me arrependo de uma única vez

Taparam-me a boca
Parecia que ia explodir
O pensamento voltou para onde tinha de ir
E eu fiquei deslocada

Onde estou eu? Quem sou eu? O que faço aqui?
Acho que, sinceramente, me perdi.